Ao participar da abertura do 10° Congresso Estadual da Agronomia, no auditório da Universidade Estadual de Norte Fluminense (UENF), na tarde desta quinta-feira, dia 11, o subsecretário de Agricultura do estado do Rio, engenheiro agrônomo Felipe Brasil, manifestou grande preocupação com os efeitos das mudanças climáticas para a agropecuária no interior do estado.
“O Norte e o Noroeste Fluminense têm passado por mudanças climáticas muito graves. Por cinco meses não cai uma gota d’água. Se os produtores não começarem a buscar saídas na tecnologia e em incentivos e políticas públicas, não conseguirão produzir alimentos suficientes em nosso estado”, afirmou Felipe Brasil, que defende a derrubada do veto do presidente Lula a um projeto de lei que amplia a classificação de semiárido para 22 municípios do Estado do Rio a fim de que os produtores agrícolas consigam benefícios como o garantia-safra contra perdas causadas pelo clima.
O problema foi um dos temas tratados ontem por participantes do congresso organizado pela Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado (AEARJ) e com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RJ) como um dos principais patrocinadores. Os outros patrocinadores são a Mútua RJ, entidade que presta assistência aos profissionais do Sistema Confea/CREA, a Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio (Coagro) e o Rio + Agro. Com o tema Sustentabilidade, Segurança Alimentar e Inteligência Artificial, o congresso foi aberto com auditório lotado por 500 pessoas, no Centro de Convenções da UENF, projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, em Campos, no Norte Fluminense. A universidade foi inaugurada em 1993.
A derrubada do veto do presidente ao projeto de lei que pede a classificação de semiárido para o Norte Fluminense também é defendida pelo vice-prefeito de Campos, o engenheiro agrônomo Frederico Paes, que preside a Coagro.
“Precisamos unir as forças políticas do Estado do Rio para derrubar o veto do presidente que certamente está desinformado dessa situação. O projeto de lei 1440 foi feito por professores da UENF, da UERJ, com dados do INPE e do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), e aprovado por todas a a comissões técnicas da Câmara dos Deputados e pela Comissão de Agricultura do Senado”, afirmou o vice-prefeito que, ao lado do prefeito de Campos, recebeu o presidente do CREA-RJ, engenheiro Miguel Fernández, para explicar a situação.
Muito elogiado pelos participantes do congresso por ser o único engenheiro agrônomo em cargo do poder executivo hoje, o vice-prefeito explica que a mudança da classificação vai facilitar o acesso a investimentos por 22 municípios do Norte e Noroeste Fluminense.

Um dos integrantes da mesa de abertura do congresso, o presidente do CREA-RJ, Miguel Fernández, parabenizou os organizadores e disse ter orgulho de ter patrocinado o evento, por meio do edital de eventos do CREA-RJ, que oferece uma verba total de R$ 3 milhões.
“É o mínimo que podemos fazer para defender e apoiar o desenvolvimento do nosso setor”, afirmou Fernández, lembrando que o CREA é também agro
nomia. Fernández deu várias entrevistas à imprensa local para falar da importância do congresso.
O presidente da Rio + Agro – um fórum internacional de agricultura sustentável – engenheiro agrônomo Carlos Favoretto, lamentou que o Rio de Janeiro seja hoje o penúltimo estado em produção agrícola (“só ganha do Amapá”) e o segundo em consumo, apesar de ter uma área imensa para produção que precisa apenas de mais investimentos.
Favoreto afirma que o Estado do Rio tem o dobro da área a ser cultivada em países como a Holanda. Segundo ele, é preciso retomar a produção em áreas hoje degradadas e que foram prósperas em antigos ciclos, como o da cana-de-açúcar, do café e da laranja.
“Os agrônomos precisam de se comunicar melhor e de mais informação para que se coloque no radar a importância da agricultura para fins de desenvolvimento social. As principais cidades com IDH mais alto são cidades agrícolas”, destaca Favoreto.
A coordenadora da Câmara da Agronomia do CREA-RJ, a engenheira agrônoma e professora da UFF Débora Candeias Marques, parabenizou os organizadores do congresso pela importância do evento no aperfeiçoamento e na capacitação dos profissionais.
“A agronomia passa por grandes desafios como as mudanças climáticas. E os profissionais precisam se capacitar para o uso de tecnologias como a Inteligência Artificial a fim de que se melhore a vida dos produtores e a agricultura seja cada vez mais alavancada”, disse Débora, conselheira do CREA-RJ.
Além do presidente do CREA-RJ, participaram da mesa de abertura o presidente da AEARJ, Leonardo Lopes; o vice-prefeito de Campos, Frederico Paes; o vice-reitor Fábio Lopes Olivares; o presidente da Confederação das Federações de Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), Francisco Almeida; o subsecretário de Agricultura do estado, Felipe Brasil; o presidente do Rio + Agro, Carlos Favoreto; o superintende do ministério da agricultura e pecuária do Rio, Aguinaldo Pinto da Silva; o diretor da Mútua RJ, Jamerson Freitas; e José Fragoso Neto, conselheiro do Confea, representando o presidente do Conselho federal, Vinícius Marchese.